quinta-feira, 24 de julho de 2008

Esclarecimento

Como os leitores deste blog devem saber, fui um dos escolhidos para ciclo de entrevistas levadas a cabo pelo autor do Oceano das Palavras. Numa das respostas afirmei sentir alguma falta de liberdade na cidade de Seia.
Soube hoje que as minhas palavras foram classificadas como
pueris por algumas pessoas. Como tal, decidi mostrar um pouco de maturidade e explicar o meu ponto de vista.

(O texto original foi enviado sob a forma de comentário a um post do blog Seia Portugal, não se dirigindo ao autor, mas sim a quem considerou inocente o que eu disse.)

Boa tarde,

Começo por dizer que o texto que se segue não é dirigido a ninguém em particular, mas a todos aqueles que interpretaram mal as minhas palavras.

Acabei de ler o seu texto e sinto-me no dever e também no direito de esclarecer algumas dúvidas que possam existir. O conceito de liberdade é muito amplo e, como tal, quando afirmei que denoto alguma falta de liberdade em Seia, não me referia a nível político e muito menos partidário. Não tenho qualquer tipo de contacto directo com a vida partidária do nosso concelho e, portanto, não me posso pronunciar. Se o fizesse, aí sim estaria a falar sem saber.

Quando me refiro a falta de liberdade, falo unicamente na nossa esfera social. E falo com conhecimento de causa. Estive presente em inúmeras ocasiões onde pude comprovar que não se pode fazer isto ou aquilo porque fulano x não se dá com fulano y. Chamem-lhe conflito de interesses, “politiquices” ou “marretices”, mas a verdade é que estes atritos retiram liberdade às iniciativas. Principalmente àquelas vindas de jovens como eu, que se vêm muitas vezes inibidos por causa de relações tempestuosas que nada nos dizem respeito.

Por acaso fui eu o entrevistado. Por acaso fui eu que tive a coragem de dizer o que disse. Lanço um desafio: perguntem a mais jovens senenses se sentem o mesmo, mas apenas àqueles que não carregam com o fardo da censura partidária.

Devo dizer ainda que, felizmente, nunca dependi de nenhum partido político e nem sequer me sinto na obrigação de “pensar” segundo ideais alheios.

Tudo o que dizia era o que pensava, achando-me um privilegiado por poder dizer o que sentia, sem ferir susceptibilidades. Agora não tenho tanta certeza…

O facto de ter dado a minha opinião, numa entrevista, e ela estar a ser questionada, isso não demonstrará alguma falta de liberdade de expressão?

Se a minha tirada foi infeliz ou inocente, não estarão a demonstrar alguma falta de abertura a opiniões diferentes? Será esta é a melhor maneira de lidar com as opiniões dos jovens de Seia?

Esta forma de reagir também me dá o direito de pensar que houve uma certa ligeireza no julgamento e demonstrou que não houve qualquer tipo de preocupação em saber o porquê do que foi dito.

Apesar de tudo, continuo a pensar que existe alguma falta de “liberdade” em Seia.

Com os melhores cumprimentos

Luis Monteiro

3 comentários:

seia.portugal disse...

Olá Luis
Só tenho de te dar os parabéns por teres suscitado o debate em torno de uma questão que está hoje muito presente na sociedade senense, como no país em geral e por todo o lado, e que tem a ver com a falta de liberdade. E esta falta, não é um exclusivo da política, é geral, fruto de uma sociedade cada vez mais dependente das oportunidades do mundo competitivo. Mas quer queiramos, quer não, tudo acaba por verter na política. Porque se os jovens, socialmente se sentem limitados, há então “qualquer coisa política” que está a falhar.
Em Portugal, no tempo do Estado Novo havia censura declarada, mas hoje como se sabe, e como tu também reafirmas, há falta de liberdade, e essa falta, em meu entender, só acontece por duas razões: Uma por nossa culpa, porque julgamos muitas vezes que estamos a ir para lá de um determinado limite e nos inibimos de prosseguir, auto-censurando-nos; Outra, porque há de facto, outros valores que, esses sim se levantam e não deixam singrar.
Por isso, o melhor que temos a fazer é combater estes dois fenómenos, um por nossa causa, outro por causa dos outros e seguir em frente, procurando contribuir para o nosso bem estar social, cultural e económico e por consequência, para o bem estar colectivo.
Repara que eu não falo em ditaduras. Falo em combater marasmos e procurar contribuir para mudanças na nossa sociedade, porque sem mudanças não há progresso e o progresso também depende de todos nós e não apenas dos poderes políticos.
Com esta conversa dos dois, julgo que já demos um bom contributo, assim haja outros a juntar-se ao tema.
Por Seia.
Mário Jorge Branquinho

Anónimo disse...

Caro Luís,

Gostei e estou a gostar muito de todas as entrevistas e de conhecer blogues que desconhecia. Acho que toda a gente falou o que lhe ia na alma e com toda a sinceridade.
Parabéns quer pela entrevista; quer pelo blogue; quer por todos os esclarecimentos a qualquer menos clara interpretação.

Com estima,

João

Anónimo disse...

é obvio que há falta de liberdade de expressão em Seia isso nao é novidade para ninguem.