quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Qualidade, precisa-se!

Actualmente não vivo em Seia, mas continuo atento ao que se passa na terra que me viu crescer e amadurecer.
Na quinta-feira passada escrevi uma breve nota sobre o filme «Embargo», que estreia a 30 de Setembro, a nível nacional, e tem um senense como 1º Assistente de Câmara. Ontem à noite dei uma vista de olhos pela blogosfera senense, e num ou outro jornal regional, genuinamente convencido que ia encontrar alguma referência ao tema. Resultado: zero.
Sou amigo de longa data do Nuno e gosto muito do seu trabalho, tal como gosto do trabalho de outros amigos, mais ou menos conhecidos do grande público, e de artistas com quem não tenho relações de amizade, mas aos quais reconheço o talento. O Nuno não sabe que estou a escrever este post e não precisa da minha divulgação. Sabem porquê? Porque quando o trabalho é bom, divulga-se por ele próprio. Ainda assim, fica a questão: o facto não tem os ingredientes suficientes para ser notícia nas publicações regionais?
Por outro lado, chego à conclusão que em Seia existe uma tendência para divulgar - vá-se lá saber porquê - trabalhos sem qualidade. Nos últimos tempos tenho reparado no destaque dado a pessoas quase por necessidade - não há melhor, temos de nos contentar com o que temos... Falo de áreas como a pintura, fotografia e vídeo, por exemplo. Não imaginam o que me custa entrar no foyer do Cine-Teatro, por exemplo, e dar de caras com trabalhos de qualidade abominável, cujos autores parece que começaram a dedicar-se à arte em questão na noite anterior. Ou então ir ao Cine-Eco, um festival de referência a nível mundial, pelo qual tenho um carinho especial, e ver uma secção de vídeos realizados, produzidos e/ou editados por senenses que mais parece um atentado às regras elementares da Sétima Arte. Um dos documentários exibidos foi filmado e editado de forma tão alucinada que até me provocou náuseas.
Não estou a criticar a estratégia cultural (sejamos honestos: os devaneios a que me refiro não são cultura) levada a cabo pela autarquia, até porque o meu apoio é publicamente conhecido. Só espero que continue a haver rigor na selecção do material cultural e que divulguem o que realmente merece ser divulgado.
No que toca aos colegas da blogosfera, quero pensar que o facto de ainda não terem publicado nada sobre um assunto que é motivo de orgulho para Seia não passa de um mero lapso...

4 comentários:

Gabri disse...

Ora embrulha...gostei!!!

Na minha área é deveras impressionante.....como cometem o mesmo erro!Enfim...a incompetência ao seu mais alto nível...

Abraço

Luís Monteiro disse...

Como sabes, tenho mais contacto com esta área. Acredito que na tua área haja mais do mesmo (conheço alguns exemplos!).
Abraço

Anónimo disse...

olá Luis
da minha parte apenas para dizer reconheço o mérito do Nuno, tendo-o convidado quer no ano passado quer este ano para Juri do Cine'eco, o que é um reconhecimento do seu valor.
de resto, para valorizarmos o seu trabalho na área do cinema, não precisamos de rebaixar outros valores que procuramos estimular. O apoio aos criadores é uma constante em Seia. Já o seu valor estético e conceptual é discutivel, mas isso faz parte do discurso critico.
É óbvio que é um lapso das pessoas que habitualmente escrevem sobre coisas de Seia. E sabes? Há tantos por aí. Por isso procuramo-los e desafiamo-los. e dentro de pouco tempo vamos ter oportunidade de conhecer mais novos talentos.
Ainda agora no Mestrado de Animação Artistica fiz um trabalho sobre o programador do TMG que é uma referência e com quem vamos e devemos aprender.
Enfim, Luis, ás vezes faz-nos falta falar destas coisas. Por isso, e depois da parte superior da Casa da Cultura ter estado em obras, vamos retomar muitas actividades e uma delas será os encontros informais para falarmos deste e de outros temas que nos apaixonam, nos estimulam e nos animam, porque Seia merece.
Enfim, recebe um abraço de amizade
Mário Jorge Branquinho

Luís Monteiro disse...

Caro Mário Jorge Branquinho,

Como deve imaginar, não ganhei nada em escrever este texto, antes pelo contrário, mas tal como o MJ Branquinho gosto de agitar as águas quando é necessário. A diferença entre nós é que não passo de um cidadão quase anónimo. No entanto, e porque vivemos numa democracia, tenho o direito de expor as minhas ideias, desde que fale a verdade e não difame ninguém.

Passemos ao assunto em questão, que não é sobre o Nuno Portugal, embora seja um óptimo exemplo. Felizmente existem muitos talentos no concelho de Seia. De um lado temos os nomes consagrados, do outro temos os talentos desconhecidos do grande público que também merecem divulgação. E, a bem da verdade, a CMS tem feito o seu trabalho de casa.

Concordo consigo quando escreve que deve apoiar-se o trabalho dos criadores senenses. Mas esse critério, se aplicado isoladamente, pode tornar-se perigoso: existe o risco de ver trabalhos que não dignificam o nome de Seia à mistura com trabalhos de qualidade, onde os últimos perdem sempre. O ideal era certos e determinados “artistas” terem um pingo de vergonha e não desejarem tanto a sua auto promoção. Aliás, se dominassem a teoria da arte que produzem, sabiam que os seus trabalhos não tinham qualidade e poupavam trabalho à CMS e à ARTIS no processo de triagem. Mas isso era um cenário ideal…

Precisamente por saber que existem talentos nas mais diversas áreas é que fico surpreendido com o destaque que chegou a dar-se à falta de qualidade. Longe de ser uma regra, no entanto transmite precisamente o oposto daquilo que se pretende.

E, agora, no caso do Nuno, não vejo divulgação. Claro que a culpa não é da CMS. É de nós todos que nem sempre divulgamos o que temos de bom.

Agradeço o seu comentário, mas permita-me discordar de um ponto: estes assuntos não devem ficar confinados a tertúlias, devem tornar-se públicos, pois só assim toda a gente tem oportunidade de participar na discussão.

Um abraço