Apesar de não estar de férias, decidi encerrar o tasco durante um mês. O trabalho não dá descanso e a silly season não perdoa. Mesmo assim, não posso deixar de partilhar uma história com os caros leitores.
Há duas semanas os meus pais iam ficando sem casa. Uma instalação deficiente de um tubo do painel solar fez com que estivesse a correr água do telhado para dentro de casa durante 1 dia e meio. Os meus pais não estavam em Seia e foram avisados através de telemóvel por várias pessoas que viram água a sair de dentro de casa. Fizeram uma viagem de noite e quando lá chegaram depararam-se com o pior cenário possível (sem exagero!): paredes, chão, rodapés, móveis, electrodomésticos, material informático... tudo destruído. Só cheguei a casa dos meus pais duas horas depois deles, portanto já não vi o cenário nas piores condições. A água espalhada pela casa era imensa, tanta que só parou de escorrer uma semana depois do acidente. O caso está a ser tratado, resta esperar que corra tudo pelo melhor.
No entanto, o que me fez escrever este texto foi a quantidade de água que os meus pais tinham dentro de casa quando ligaram, em pânico, para os Bombeiros Voluntários de Seia. Antes de me adiantar no tema devo referir que sempre respeitei aquela instituição e valorizei o trabalho desempenhado ao longo dos anos. Agora, a coisa é bem diferente.
Por esta altura, o caro leitor já deve ter previsto o desfecho desta triste história: os bombeiros recusaram-se a ir ao local (num dia bastante calmo, muito antes da época dos fogos), argumentando que não têm meios adequados para este tipo de acidentes (uma aspirador, neste caso). Nem sequer se dignaram em ir ver o que se passava, tudo foi tratado por telefone. Posto isto, os meus pais, com a ajuda de amigos, deixaram-se de lamentações e começaram a tirar o máximo de água possível e salvar tudo o que conseguissem. Agradeço desde já a toda a gente que nos ajudou, incluindo um bombeiro que, fora do horário de expediente, prontamente se disponibilizou.
Voltando aos Bombeiros Voluntários de Seia, que não têm meios suficientes e adequados para combater fogos (pelo menos estão sempre a queixar-se do mesmo), nem sequer para prestar auxílio em caso de cheias, pergunto-me: para que servem? Agora já não sei se aquilo é um exemplo de má gestão, ausência de meios por condicionantes externas ou falta de recursos humanos qualificados. Ou os três, talvez.
Escrevo este texto, em primeiro, porque estou indignado, principalmente por saber que eles tinham obrigação de ir ao local, e, em segundo, para alertar a população acerca das deficiências daquela instituição, não vá acontecer o mesmo a alguém brevemente. A não ser que seja algum VIP senense, talvez esses tenham apoio nestas situações. Ao menos isso!
Termino a dizer que os meus pais nunca fizeram uma reclamação nem tencionam falar mais disto - agora têm assuntos bem mais importantes para tratar. Portanto, tudo o que escrevo é da minha inteira responsabilidade.
De uma coisa podem ter a certeza: não contem mais com três pessoas para peditórios e participações em festas de angariação de fundos para os Bombeiros Voluntários de Seia. Só o voltaremos a fazer quando o dinheiro passar a ser aplicado naquilo que é realmente importante.